Mangues de Santos
Apesar de localizados próximos a um dos maiores centros urbanos do país e inseridos em uma região de grande desenvolvimento econômico, os manguezais da Baixada Santista tem permanecido praticamente desconhecidos do ponto de vista zoológico.
Entre os manguezais do estado de São Paulo, os da Baixada Santista, especialmente aqueles da área de Santos - Cubatão, são os que apresentam a fauna mais exuberante, tanto em número de espécie como de indivíduos. Diversas espécies se reproduzem na área, e algumas tem ali as únicas populações conhecidas no estado de São Paulo, ou as suas maiores concentrações populacionais.
A área é um dos mais importantes sítios de pouso e alimentação de aves migratórias na costa sudeste do Brasil, sendo utilizada tanto por espécies provenientes do Hemisfério Norte como do Cone Sul. este fato implica que a conservação destes manguezais tem uma importância global. A destruição dos manguezais afetará populações de aves do Canadá a Argentina com prováveis declínios das espécies. Deve-se lembrar que pouco adianta os governos de outros países ou estados (como o Rio Grande do Sul), investirem na conservação destas espécies se áreas críticas para seus ciclos de vida são destruídas em São Paulo.
Os mangues de Santos - Cubatão abrigam a única população de guarás ao sul do Maranhão. A população paulista da espécie tem crescido ao longo dos anos e a suas tendências sedentárias indicam que as aves consideram e ambiente adequado. Sendo uma espécie ameaçada de extinção, os guarás demandam ações conservacionistas para que sua população seja protegida. O mesmo deve ser dito de espécies como os jacarés e lontras, e daquelas regionalmente raras como o gavião caranguejeiro..
A extraordinária diversidade de espécies dos manguezais da Baixada Santista, existe apesar da proximidade dos lixões de Santos e São Vicente, do Porto de Santos e do Pólo Industrial de Cubatão. As principais áreas de alimentação das aves aquáticas, migratórias ou não, são os bancos de lodo ao longo do Largo do Coneu, canal da Cosipa o rio Cubatão, resultado da deposição de material dragado e do aumento de carga de sedimentos devido à morte de floresta da Serra do Mar. Os mangues impactados do rio Cascalho é também umas das principais áreas de alimentação das aves, e onde os guarás e colhereiros levam seus filhotes para se alimentar.
É irônico que as áreas de alimentação mais importantes para as aves, e aquela onde se localiza a única colônia mista de garças e guarás conhecida no leste do Brasil sejam classificadas como "mangue degradado" em levantamentos recentes como os da Cetesb. Esta classificação baseada apenas no estado da vegetação, não leva em conta a função ecológica daqueles lodaçais esteticamente desagradáveis, e tem servido de justificativa para eliminá-los.
Nessa area existem espécies extremamente vulneráveis à destruição ambiental devido a sua natureza tímida e gregária ao hábito de nidificação colonial. Evidência disso são os casos em que colônias inteiras abandonaram suas tentativas de reprodução logo após uma perturbação humana.