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A História da Arquitetura em Santos



A História da Arquitetura em Santos

Arquitetura contemporânea pós-moderna
Na última década, a produção arquitetônica na cidade de Santos tem, em geral, seguido a lógica do mercado imobiliário, onde o apelo comercial e o desejo de lucros exorbitantes sacrificam qualquer compromisso com a arte e as técnicas contemporâneas, afetando a qualidade das obras. O melhor exemplo é a arquitetura pós-moderna, com seus edifícios erroneamente denominados "neoclássicos".

Na pós-modernidade, como o próprio prefixo pós sugere, há uma ruptura dos movimentos artísticos com os ideais do Modernismo, que procurava acompanhar o aprimoramento técnico-cientifico da sociedade através da inovação artística, aprimoramento este que resultaria na perfeita relação entre os homens.

Perspectiva de 1952 do Condomínio Indaiá, no Boqueirão, e um espigão recém
construído no Canal 5 (2006). A ocupação do terreno, uma das preocupações da
arquitetura moderna, era feita de modo a proporcionar o máximo de ventilação
e iluminação às unidades. Na atual pós-modernidade, a prioridade passa a ser
o maior aproveitamento do terreno a fim de oferecer maior rentabilidade
à construtora. Este é um fator que limita a criatividade do arquiteto e afeta
negativamente a qualidade de vida e a paisagem da cidade.
Por outro lado, há na pós-modernidade uma nova relação de temporalidade. Diferente da modernidade, que acreditava na evolução constante da humanidade através da história, até atingir uma meta de futuro, na pós-modernidade a perspectiva de futuro é assombrosa, já que o aprimoramento técnico-científico, ao contrário do prometido, acarretou a produção de armas de destruição em massa. Sem perspectiva de futuro, voltamos o nosso olhar para o passado. Assim, não existe possibilidade, na pós-modernidade, de criação do novo, do inusitado; acreditamos que tudo já foi visto, tudo já foi inventado, e passamos a rodar em círculos, repetindo idéias do passado.

Esta é uma das explicações para o aparecimento dessa arquitetura dita "neo-clássica", que de novo nada tem; ao contrário, parece um equívoco, já que rompe com a evolução da Arquitetura que vem procurando, desde o classicismo, racionalizar as construções pela arte e pela técnica.

O pós-moderno despreza o pensamento e a produção arquitetônicas do século XX ao retomar, em pleno século XXI, o ideário do século XIX. Não existe razão nessa arquitetura que mistura estilos do passado, utilizando nas fachadas elementos decorativos da arquitetura clássica, muitas vezes aplicados com erros de proporção ou mesclados com elementos de outros períodos, como por exemplo, elementos clássicos junto aos do art-déco.
Os prédios pós-modernos que vêm sendo construídos na cidade desprezam a cultura brasileira ao empregar, no séc. XXI, elementos típicos do séc. XIX. O surgimento de arranha-céus, em paralelo ao uso dessa arquitetura, é uma tentativa de alinhar a nossa paisagem às de outras grandes cidades norte-americanas.
A arquitetura pós-moderna revela um absoluto desconhecimento cultural e renuncia a uma produção arquitetônica que seja reflexo e que tenha os significados do nosso tempo, que reconheça as nossas especificidades locais, uma arquitetura que seja santista, adequada ao nosso território e ao nosso clima.

Entretanto, ainda há na cidade obras cujos arquitetos optaram pela continuidade evolutiva da arquitetura. O Edifício Porto Moniz (2001), de Carlos Passos, é uma obra despretensiosa cujo projeto segue os conceitos da arquitetura moderna. O térreo possui áreas livres sobre pilotis (pilares redondos) e as plantas possuem disposição linear. A cobertura, área nobre do edifício, não é privilégio de poucos, mas de todos, uma grande área comum onde estão os equipamentos de lazer. As varandas não são meras varandas, mas também protegem os apartamentos da insolação. Os acabamentos de pastilha cerâmica, além de solução adequada ao nosso clima tropical úmido, é fiel a nossa tradição de "azulejar" as fachadas dos edifícios. Toda esta coerência resulta na bela composição da fachada, cuja plasticidade dispensa qualquer adereço ou balagandãs decorativos.
O Ed. Porto Moniz (esq.), simples e despretencioso, se destaca pela forma como
as varandas contínuas estão dispostas, aparentemente soltas do corpo principal, conferindo ao conjunto uma grande plasticidade. Tanto ele quanto o Ed. Atlantis (dir.) demostram que a beleza da arquitetura não se encontra no uso de adereços, mas em sutilezas, no tratamento que se dá à composição de formas e volumes.
Assim como o Ed. Porto Moniz, algumas arquiteturas públicas da cidade procuram dar continuidade à nossa história, inovando nas soluções arquitetônicas. A nova sede do Corpo de Bombeiros, na Av. Ana Costa, é uma obra honesta com a nossa cidade, com o nosso clima. Buscou-se ali uma solução formal que é resultado da racionalidade de seus espaços, racionalidade esta que permeia o projeto também nos materiais de acabamento, como os brise-soleils colocados na fachada oeste, fundamentais para proteger as janelas e o interior do sol intenso.

O projeto do Posto do Gonzaga do Corpo de Bombeiros, mais que respeitar a presença de duas palmeiras imperiais no terreno, se apropria delas e tranforma-as em elementos do próprio edifício. Elas deixam de ser obstáculo para se tornar um desafio à criatividade e à busca de uma solução plástica para o projeto (foto PMS).
A Reciclagem arquitetônica
Finalmente a reciclagem arquitetônica chega com força ao Brasil e à Santos. Amplamente empregada em países da Europa já há muitos anos, a reciclagem consiste no aproveitamento de edifícios e infra-estruturas já existentes através de sua atualização. Este processo vem ocorrendo há décadas em centros históricos de cidades européias onde, se não é possível a recuperação, constrói-se um prédio moderno por dentro da "casca" do antigo, que permanece dando o seu testemunho histórico através das fachadas restauradas. Modernizar e preservar são atitudes essenciais e são inúmeras as vantagens oferecidas pela reciclagem: fortalecimento da cultura, educação da sociedade, melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente e, principalmente, a geração de renda e empregos através da exploração turística desse patrimônio.
O que ver hoje
Construtora Phoenix: antiga Banca Italiana Di Desconto.
Rua XV de Novembro esq. com Rua Riachuelo - Centro Histórico
Câmara Municipal de Santos: em prédio datado de 1930, antiga sede do Banco do Comércio e da Indústria.
Rua XV de Novembro, 103 - Centro Histórico
Typographia Brasil
Rua XV de Novembro, 115 - Centro Histórico
Chez Angelo Restaurante
Rua XV de Novembro, 47 - Centro Histórico
Banco Bradesco
Praça Mauá, 22 - Centro Histórico
Associação Comercial de Santos
Rua XV de Novembro, 103 - Centro Histórico
Incubadora de Empresas de Santos
Rua do Comércio, 44 - Centro Histórico
Lanchonete McDonalds
Praça Mauá - Centro Histórico
 
Exemplos de reciclagem arquitetônica: à esquerda, a Construtora Phoenix na ex- sede da Banca Italiana di Desconto. Acima, a ex-Incubadora de Empresas de Santos em prédio restaurado da Rua do Comércio. Abaixo, o grande prédio da Rua Brás Cubas restaurado e adaptado para sediar um club noturno.












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